quarta-feira, 27 de maio de 2009

Aventura

07 de maio de 2009.

Aguardamos na faixa, como dizem os gaúchos. Na beira do asfalto, no pé da fazenda era onde passaria o ônibus pra São Miguel.
Quando compramos a passagem é que nos demos conta de que seriam 14 horas de viagem de ônibus.
Já tínhamos ligado pro meu primo contando da nossa chegada, não tinha mais como desistir.
Ainda pensamos em saltar em Cuiabá e desistir, mas ainda bem que não o fizemos.

O taxista não sabia aonde era a nossa parada, o Assentamento Campanário.
Pra quem não sabe, assentamentos são as áreas rurais cedidas pelo governo aos militantes do MST que tem pré-requisitos para nelas trabalhar, como resultado da Reforma Agrária que foi empreendida no país.
Meu tio é um desses ex-militantes que receberam terras por um valor simbólico, valor este que ele mesmo ainda não acabou de pagar.
Nos 14 km que separam a cidade de São Gabriel d'Oeste do assentamento, vi emas comendo insetos no meio do milharal. Achei aquilo impressionante, mas não consegui tirar fotos, passamos muito rápido e o meu deslumbramento foi muito grande =/
Ainda perguntei ao taxista se elas ficavam soltas mesmo por ali.
Meu primo depois confirmou que sim e que ás vezes é perigoso andar pela BR 163, onde estávamos, porque elas andam em bando e se uma se separa, corre na direção do bando sem se importar com o movimento na estrada, que é intenso, especialmente nas épocas de feriados e festas.
O taxista nos deixou na beira da estrada e meu primo veio nos buscar. Eu ria da minha mãe, num vestido longo e muito colorido, fugindo de um abelha quando meu primo chegou.

***

As terras cedidas pelo Estado aos assentados são inalienáveis.
No entanto, muita gente faz uma espécie de doação das terras no INCRA e o dinheiro passa por debaixo dos panos.
Isso acontece muito e provavelmente com a ciência do INCRA.
Mas isso meu tio não quer fazer. Ali ele planta mandioca, abóbora, moranga e bananas.Ele é feliz ali.
É impressionante como nos estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul qualquer coisa que se plante produz.
Até agora, as coisas mais lindas que já vi por aqui além das planícies sem-fim foram as plantações de algodão e girassol.
Dói, no entanto, saber que muito foi desmatado para que essas plantações existissem.
Talvez por isso o governo agora quer que os assentados reservem 20% de suas propriedades para área de preservação ambiental.
Isso dá 4 hectares para meu tio, que não poderá cercar a área e nem produzir nada ali. As mudas serão cedidas pelo governo e serão somente de árvores nativas.
Meu primo diz que é ruim perder área de produção, mas que isso é uma boa iniciativa. Concordo, Neuri.

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